Um período de repressão generalizada e brutalidade estatal se seguiu após a Rebelião de Dezembro de 2008. Durante e após a rebelião, o partido político de extrema-direita LAOS (Partido Alerta Ortodoxa Popular) e o Estado Grego decidiram pressionar os CMIs de Atenas e de Patras, usando o argumento de que estes sítios foram usados como centros de coordenação da Rebelião (rebeliões não podem, é claro, ser realizadas através da internet), deliberadamente ignorando a contribuição do CMI à contra-informação.
Fascistas e membros de partidos da direita e da extrema-direita do parlamento têm lançado ataques contra o CMI de Atenas. Impingindo sua propaganda sobre o governo direitista através de seus blogs, assim como estão tentando obstruir o acesso ao sítio através de ataques feitos por /hackers/. As declarações dos políticos nos parlamentos e na televisão tarjaram o CMI como um dos principais inimigos do Estado.
Seu movimento mais perigoso foi a apelação enviada ao Ministro da Educação por K. Velopoulos, membro do LAOS. Ele perguntou ao ministro da Educação se os CMI de Atenas e de Patras estavam abrigados na Universidade Politécnica de Atenas (UPA) e exigiram ações imediatas para deter estes sites ?perigosos?, ?que apóiam o terrorismo? etc.
O subsecretário de Educação, S. Taliadouros, prontamente concordou com Velopoulos que ?estes sites afirmam ser uma ameaça à democracia? e pediu ao diretor da UPA para fechá-lo. Ignorando o /status/ autônomo das universidades gregas, todos os tipos de pressões políticas e judiciais foram colocados em prática sobre as autoridades universitárias ara remover nosso endereço de IP. Já estamos cientes de que mesmo se a universidade se levantar contra as decisões do ministério existem outras formas nas quais eles podem nos fechar.
Um membro do partido de extrema-direita, LAOS, lançou um novo ataque contra o CMI de Atenas. Ele fez uma pergunta no parlamento que dizia que a Universidade Politécnica de Atenas dá acesso ao /Mídia Independente/ de Atenas para fins que não tem nada a ver com a pesquisa e a educação.
Em 3 de Julho, a Organização Helênica de Telecomunicações (Hellenic Telecommunications Organization - OTE) -- em aliança com os porcos fascistas do LAOS e seus questionamentos ao longo de meses no Parlamento a respeito do funcionamento dos CMIs de Atenas e Patras -- despachou um pedido extra-judicial para a Rede Nacional de Investigação e Tecnologia (EDET). Neste pedido, o nosso provedor "nacional" de telecomunicações revoga o contrato que assinou com a empresa em questão com relação à administração da conexão de fibra óptica da Universidade Técnica Nacional de Atenas. O documento afirma: "... o assunto do contrato em discussão ... é o fornecimento pela OTE de redes de fibra ótica para a EDET, a concessão da OTE à EDET por 15 anos do direito de utilização da rede de fibra ótica, e também o fornecimento de serviços de manutenção para a rede de fibra óptica durante esses 15 anos, de acordo com os termos específicos do contrato". Com a lógica de que a empresa não está cumprindo os acordos do contrato com os patrões alemães da OTE, uma vez que a rede está sendo usado por terceiros sem fins de "pesquisa" ou "educativos" -- como determinado pelo Governo, em alinhamento com a extrema-direita -- eles ameaçam tomar todas as medidas legais "justificáveis" se a EDET não tomar as ações necessárias (?) no prazo de 5 dias.
O "status" das liberdades sociais em todas as universidades gregas proíbe a entrada e a intervenção da polícia na área universitária para prevenir a aplicação da autoridade do Estado e da censura nas atividades acadêmicas e políticas, assim como nas idéias que florescem nas universidades. Este "status" foi reivindicado e defendido por anos pela vasta maioria das pessoas e pelo sangue de muitos/as de nossos/as companheiros/as.
A única lei que pode ser utilizada pelo Estado para romper as liberdades civis da universidade e fechar o CMI de Atenas é a lei antiterrorista (votada em 2001). Dado o fato de que jovens companheiro/as (alguns deles menores de idade) foram acusados por esta lei durante a Rebelião de Dezembro de 2008 em Larissa (a primeira vez que foi aplicada aos manifestantes), encaramos isso como um cenário provável.
O ataque contra os Indymedias Atenas e Patras não pode ser analisado separadamente da repressão metódica das "Autoridades" (seguindo os recentes acontecimentos em dezembro) contra o amplo Movimento de oposição que conseguiu criar fissuras no tecido social e esfera pública agindo "por baixo", e que impõe sua presença na cena social em seus próprios termos. Inicialmente, o estado policial tomou as ruas seguindo as orientações das "Autoridades", persuadido a fragmentar as áreas ocupadas. Para este fim, ataques (tanto legislativos quanto reais) foram ordenados contra os setores da classe trabalhadora do Movimento. A cereja no bolo da repressão é o massacre em massa contra os imigrantes que tem acontecido no centro da cidade desde junho.
Este não é, portanto, um ataque isolado a dois sítios de informação alternativa. O procurador aposentado Sanidas, chefe do Supremo Tribunal de Recursos, também contribuiu com isso com sua recente consulta de "brinde" aos seus chefes relacionada à anulação da privacidade para blogs e sites, e as emergentes restrições à livre circulação de idéias na Internet. Ao atingir o Indymedia, as autoridades atingem também uma rede inteira de comunicação independente e todos os seus esforços orquestrados em prol de uma informação alternativa. Informação alternativa é nossa única arma de comunicação nesta frente combativa, o único canal para as questões sociais que tenta definir realidade usando termos dialéticos ao invés da força.
Em todas as sociedades, as pessoas estão envolvidas na produção e intercâmbio de informações e símbolos. Da comunicação não-verbal até a comunicação mediada, a sociabilidade das pessoas é regrada pela produção, transmissão e gestão de informação -- dito de forma simples, pela comunicação entre elas. Além disso, a gestão da informação poderia ser considerada tanto causa quanto efeito da tendência inata das comunidades e das pessoas de se organizar em torno de estruturas sociais. O aumento contínuo da necessidade de sociabilização e comunicação tem dado origem ao aparecimento e desenvolvimento dos Meios de comunicação de Massa. É isto que tem contribuído e continua a contribuir para a formação da "esfera pública".
A Internet é o mais recente dos meios de comunicação de massa. É a variável mais recente na formação dessa esfera pública. Nas comunidades na Internet, uma renegociação radical da esfera pública está aparecendo. Em números cada vez maiores, as pessoas estão se mobilizando nesses tipos de comunidades - e isto não pode ser visto separadamente da velocidade de produção da sociedade contemporânea, o que limita o tempo e o espaço dos encontros sociais. Ultimamente, as comunicações estão internacionalizados em grande escala, uma vez que espaço e tempo têm sido negados.
Assim, somos levados a uma reformulação vesga da esfera pública e à criação de um local de diálogo público (a Internet) -- onde "engasgos" comunicativos e dialéticos de setores da comunidade internacional socialmente excluídos necessitam da criação de uma nova classe de administradores de comunicações tecnologicamente privilegiados. À frente disto estão os esforços das "Autoridades" comprados pela German Deutsche Telekom (que no ano passado causou um enorme escândalo na alemanha por conta de vigilância telefônica generalizada e subsequentes violações de privacidade na comunicação), misturados com um lamaçal de corrupção e escândalos recentes, a citar o caso Siemens, as propinas e a "supervisão" do sistema C41 (não que esperássemos algo diferente daqueles que controlam as telecomunicações do país). Que fechem então a OTE e limpem seu cheiro podre -- não o Indymedia.
As iniciativas para silenciar os Indymedias Atenas e Patras não nos intimidam. De uma forma ou de outra, existem alternativas para a continuação de seu funcionamento. Apesar disso, podemos encaixar esta situação dentro de uma guerra essencial por comunicações mais amplas que o Estado e as autoridades políticas e econômicas declararam contra a sociedade. Ao contrário, ao invés de nos intimidar com esta ação recente, a democracia burguesa e suas mulas (empresários e políticos) têm demonstrado o quanto temem um Movimento que tem, já há algum tempo, rejeitado a trégua na guerra de classes sociais. Um Movimentento tão amplo e com tantas facetas que -- mediante termos de igualdade, anti-hierarquia e coletivismo -- tenta reformular a realidade social por baixo, e cuja dinâmica não será restringida pelas barricadas erguidas com fibras ópticas, mas as demolirá, -- e que se tornará tangível nas ruas e através da ação direta cotidiana. Independente dos direitos burgueses que instituam e nos quais possam se apoiar, tais como o miserável "direito à informação" em questão, o amplo Movimento de oposição continuará a gerir a si mesmo e a defender a si mesmo da forma que escolher.
Por todas essas razões pedimos a você se é possível hospedar os sítios de internet do CMI de Atenas e de Patras em seu servidor. Precisamos preservá-los, especialmente quando forem fechados ou estiverem próximos a ser fechados, e para reagir contra a censura e promover a liberdade de informação.
Os CMI de Atenas e Patras (juntamente com outros CMI europeus e sítios de internet revolucionários que estão alojados no mesmo servidor) encaram uma séria ameaça de repressão. É responsabilidade de todo o Movimento e de nosso/as companheiro/as de todo o mundo apoiar e proteger nossa voz. Chamamos a todo/as o/as companheiro/as para que fiquem preparados, já que o próximo período é crítico para a existência do CMI na Grécia.
Com as nossas mais calorosas saudações de companheirismo!
/*CMI de Atenas e Patras*/
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