segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Violência na sociedade e a cultura

(*) Rodrigo Fischer

O que aconteceu ontem em uma escola pública de Lajeado, onde um menor de 17 anos de idade estrangulou outro jovem no pátio da escola, nada mais foi do que um ato repetitivo daquilo a que diariamente assistimos na televisão brasileira. Seja nos canais abertos, seja nos canais pagos, e mesmo nos filmes de DVD disponíveis, a violência é a diversão e o tema preferido de casa, em uma sociedade em que o hábito da leitura foi relegado a segundo plano. Reflexos de uma sociedade desorganizada e dirigida para o consumo, que pune em vez de educar. Herança antiquada dos tempos da Guerra Fria, que ainda ocupa espaço na casa de muitos brasileiros, geralmente nas classes menos favorecidas socioculturalmente. Servem como massa de manobra, vítimas de desinformação e de uma visão estreita que os torna presas fáceis aos tubarões da mídia. A sociedade como um todo é a grande prejudicada dessa ditadura ideológica, que se instalou como modelo social de cunho econômico logo após o maio de 1964 e ainda persiste na programação diária da televisão brasileira. É uma lástima que tenha acontecido um ato inexplicável como esse em Lajeado, já que uns dos orgulhos do Vale do Taquari são os conceitos privilegiados que seus municípios ostentam em termos de qualidade do ensino, servindo até mesmo de exemplo à nação quando a pauta do assunto é a educação, com seus altos índices de alfabetização em relação ao restante do país. Mas o Vale do Taquari não poderia fugir à regra, pois há muito tempo a violência está dentro de casa, mesmo que inocentemente, em um filme ou seriado qualquer. O que precisamos é refletir sobre os valores como sociedade, e o espaço em que a educação e a cultura devam ocupar como fatores de transformação para uma sociedade melhor, mais justa e participativa .Hoje, infelizmente, a regra, o que a televisão transmite aos jovens, é que o importante é ter, e não ser. Não é de causar surpresa quando comparamos o nosso país às outras nações do planeta e nos damos conta de que o Brasil ocupa as últimas posições quanto aos índices de desenvolvimento humano, comparáveis aos países mais pobres da África Central e do mundo. Um país onde os mensaleiros ficaram impunes e as professoras são mal pagas jamais será um país soberano, muito menos o país do futuro, mesmo que os ventos da atual economia estejam soprando a nosso favor. O Brasil será o país do futuro, com certeza, quando as professoras da rede pública tiverem o status de destaque que merecem, pela função e pela importância que representem perante a sociedade como educadoras dos nossos jovens, nossos futuros representantes.

"Eduque as crianças para não ter que punir os adultos." Sêneca



(*) médico veterinário - CRMV 09698

4 comentários:

Anônimo disse...

concordo quase totalmente com esse texto, excepto por, pelo meu entendimento, dizer que esses problemas sociais são causados pela mídia. O povo brasileiro não tem capacidade de se impor, de formar opinião e defende-la, por isso se agarra à qualquer idéia de alguém que aparente ter razão, desde que seja de fora do seu contexto social. O problema está na inferioridade intelectual que o próprio povo se impõe e a mídia apenas aproveita isso manipulando as pessoas facilmente. Por fim também considero que só no momento que a população der à educação lugar de destaque na sociedade poderemos pensar em mudar a realidade vigente.
Renan SD

Anônimo disse...

É quase impossível que a lavagem cerebral feita no povo brasileiro durante as novelas não influenciem na vida em sociedade, infelizmente vivemos numa sociedade ignorante onde o único acesso a informação (e de baica qualidade) é a TV, meio de comunicação onde ocorre mais manipulação ao meu ver, o brasileiro não precisa só de informação, precisa de qualidade na informação e precisa recebê-la integralmente, bem como deveria ocorrer com a educação. Também é necessário senso crítico, o povo precisa saber julgar o que é verdade do que não é e precisa aprende que nem tudo tem final feliz como nas novelas e que ele nao precisa nem mata nem bate em ninguém pra se alguém na vida

Zé da Pedra disse...

A televisão com suas pesquisas, indentifica as carencias e os pontos onde conseguirão maior audiencia para sua empresa, formando assim opinioes que os manipulados nem se dao por conta que seus pensamentos estao sendo voltados aquelas situações seja em programas ou comercias, mostrados em horarios e intervalos estrategicamente pensado por "especialistas" na area, uma vergonha nacional insentivada por cada um que assiste esse monopolio de informaçoes. O telespectador só esta em busta de passa tempo e entretendimento mas nem imagina o poder, pura falta de consiencia e ignorancia que a TV cada vez mais incentiva por render lucro e controle.

Anônimo disse...

Atribuir à mídia a responsabilidade de formar opiniões, valores e comportamentos é uma forma "adequada" e confortável de encontrar um responsável pelas atitudes e desatinos do povo. Já está na hora de assumir a co-responsabilidade de nossos atos, pois somos seres providos de um cérebro crítico e capaz de realizar escolhas conscientes. (Cérebro - cuja capacidade de pensar e transgredir a habitualidade massificante -deveria funcionar se não sempre, esporadicamente)