O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lançou hoje uma iniciativa em favor da saúde de mulheres e crianças, da qual participarão Governos e o setor privado de todo o mundo e que pretende salvar 16 milhões de vidas por ano se conseguirem US$ 40 bilhões.
"Hoje lançamos a Estratégia Mundial para a Saúde de Mulheres e Crianças, que melhorará a vida de milhões de mulheres e crianças a cada ano", assinalou Ban no encerramento da cúpula de revisão dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), à qual assistiram representantes de 192 países, entre eles vários chefes de Estado e Governo.
A ONU indicou que os Governos e o setor privado expressaram compromissos, qualificados de "ambiciosos", para reunir US$ 40 bilhões para financiar esse esforço durante os próximos cinco anos, algo que beneficiará os 49 países mais pobres do mundo.
Esta estratégia é um mapa de caminho global e multisetorial que identifica as necessidades financeiras e as mudanças políticas que serão produzidas para que a saúde melhore e sejam realizadas mudanças.
Além disso, o organismo indicou que os governantes dos países beneficiados também se comprometeram a fornecer US$ 26 bilhões através de orçamentos para a saúde.
Por enquanto, países pobres ou em desenvolvimento anunciaram aumentos em seus gastos públicos de saúde, como no caso do Afeganistão, que elevará até US$ 15 as despesas sanitárias por pessoa em 2015, da mesma forma que farão Benim, Burkina Fasso, Camboja, Etiópia, Libéria e Malauí, entre outros, a maioria africanos e asiáticos.
Os países ricos que participam do plano, como Austrália, Alemanha, França, Espanha e Estados Unidos, os organismos internacionais e as organizações filantrópicas, contribuirão com financiamentos já comprometidos em ajuda externa e outras contribuições.
Os ODM perseguem, entre outras metas, a redução anual de dois terços do número de crianças que morrem antes dos cinco anos e a diminuição de três quartos das mortes maternas, algo para o qual é necessário US$ 169 bilhões.
"Olhando os números está claro que os países ricos tiraram suas velhas promessas e as embalaram em papel brilhante, em vez de anunciar algo novo para os pobres", disse uma porta-voz da ONG Oxfam, Emma Seery, que lembrou que a maior parte desses valores já foram anunciados durante a cúpula do G8 deste ano no Canadá.
Emma indicou que "faltam detalhes de onde conseguirão o dinheiro e como será usado para salvar vidas".
O vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg, considerou que este é um compromisso internacional sem precedentes e ressaltou que seu país dobrará de agora até 2015 a ajuda para salvar vidas.
Clegg assinalou que a ajuda britânica permitirá salvar a vida de 50 mil mães durante a gravidez, assim como 250 mil recém-nascidos, e permitirá que 10 milhões de casais no mundo tenham um melhor acesso a métodos de planejamento familiar.
"O desenvolvimento começa com mulheres e crianças saudáveis, sem isso é impossível construir sociedades sólidas", disse Clegg, enquanto o secretário britânico de Desenvolvimento Internacional, Andrew Mitchell, considerou que é uma "vergonha que a cada ano morram mais de 300 mil mulheres ao dar à luz e que a cada dia faleçam 25 mil crianças por doenças previsíveis".
Para avançar com a estratégia global, Ban conseguiu o compromisso de 41 países, entre eles os suscetíveis de receber assistência como Afeganistão, Camboja, Malauí e Zâmbia, que aumentarão suas despesas sanitárias.
Além disso, apoiarão esta iniciativa 16 instituições filantrópicas, assim como agências da ONU, 20 ONGs, 14 corporações internacionais e numerosas associações profissionais médicas e instituições acadêmicas e de pesquisa de todo o mundo.
Organismos internacionais, como Unicef, Unaids, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Banco Mundial (BM), entre outros, se encarregarão de mobilizar apoios técnicos e políticos, incluindo o acesso universal ao cuidado com a saúde de mulheres e crianças.
A diretora geral da OMS, Margaret Chan, indicou que ao integrar suas ações, as oito agências internacionais relacionadas com a saúde melhorarão sua capacidade e poderão atender as necessidades de mulheres e crianças.
O êxito da iniciativa pode evitar que, entre 2011 e 2015, morram 15 milhões de crianças menores de cinco anos, prevenir 33 milhões de gestações indesejadas e que 740 mil mulheres faleçam por complicações relacionadas à gravidez e ao parto, além de proteger 88 milhões de crianças de várias doenças e outras 120 milhões de pneumonia.
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