quarta-feira, 16 de junho de 2010

Alerta diante da biologia sintética

Pouco depois do anúncio sobre a criação da primeira forma sintética de vida com capacidade de se autorreproduzir, uma reunião da ONU no Quênia pediu urgência aos países no sentido de evitar que esses organismos sejam libertados no meio ambiente. Artigo de Stephen Leahy, da IPS.
Há dois anos, foi proposta uma recomendação semelhante, que levou à proibição de fato de uma forma de geoengenharia chamada fertilização oceânica, método experimental que reduz o dióxido de carbono que há na atmosfera a fim de combater o aquecimento global. A palavra “geoengenharia” se refere a qualquer esforço humano, em grande escala, de adaptar os principais ecossistemas, e inclui propostas como bombear vastas quantidades de sulfato na estratosfera para bloquear a luz do Sol ou insuflar sal oceânico nas nuvens para aumentar a sua reflectividade.
Craig Venter, que ganhou fama mundial em 2001 ao decifrar o genoma humano, dirigiu a equipe de cientistas que divulgou, na semana passada, a criação da primeira célula bacterial vivente e capaz de se autorreproduzir com um código genético elaborado por um computador. Isto cimenta o caminho para a geração de organismos sintéticos mais complexos. Em 2005, Venter fundou a empresa Synthetic Genomics para usar genes retirados do mar e de outras partes a fim de criar organismos sintéticos que converteriam cultivos como o capim agulha (switchgrass) e o milho em etanol, além de produzir hidrogénio, separar um combustível não contaminante com fins de aquecimento ou degradar gases-estufa.
Em março, cientistas e defensores da geoengenharia participaram de uma conferência em Asilomar, no Estado da Califórnia, para discutir várias ideias sobre o tema, incluindo um “código voluntário de conduta”. Os “geoengenheiros estarão furiosos por causa desta moratória”, reconheceu Ribeiro. “A última coisa que querem é que a ONU intervenha. Querem autorregular suas experiências”, acrescentou. A proposta da moratória teve apoio quase unânime, com fortes declarações de países da América Latina, África, Ásia e Europa, ressaltou.

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