sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Protestos dividem Bolívia ao meio; país decreta luto oficial

Por Eduardo Garcia
PUBLICIDADE

SANTA CRUZ, Bolívia (Reuters) - A Bolívia foi dividida ao meio por protestos e bloqueios de estrada na sexta-feira, um dia depois de oito pessoas terem morrido em choques entre adversários e simpatizantes do presidente do país, o esquerdista Evo Morales.

O presidente e o governador de Tarija, que abriga a maior parte das imensas reservas de gás natural do país, acertaram reunir-se na sexta-feira para negociar o fim de quatro dias de confrontação que ainda deixaram dezenas de pessoas feridas.

No entanto, três outros governadores contrários às reformas de cunho socialista defendidas por Morales negaram-se a conversar e culparam o presidente pela onda de violência e pela situação caótica instalada no setor boliviano de gás natural, a maior fonte de receitas do país.

A Bolívia, a nação mais pobre da América do Sul, e os EUA expulsaram os embaixadores um do outro na quinta-feira depois de Morales ter acusado o governo norte-americano de dar apoio aos movimentos da oposição.

Os governadores direitistas do leste boliviano rebelaram-se contra o popular presidente, exigindo autonomia e rejeitando os planos dele sobre reformar a Constituição e distribuir terra para os pobres.

obs. precisa dizer mais alguma coisa? é o país mais pobre da america latina e pelo geito tem muita gente querendo que ele continue assim

O vice-presidente do país, Alvaro Garcia, declarou um período de luto nacional de 24 horas pelas oito mortes ocorridas no Departamento de Pando. A maior parte dos mortos eram agricultores pró-Morales que, segundo o governo, foram assassinados por pessoas ligadas a políticos da oposição.

"Exigimos que esses golpistas mudem de atitude, que obedeçam à lei e que obedeçam à democracia", disse Garcia na noite de quinta-feira.

Segundo o vice-presidente, o governo garantiria a distribuição de energia e comida para todos os bolivianos apesar dos bloqueios nas estradas que estão dificultando o transporte de mercadorias na parte leste do país.

Países vizinhos da Bolívia manifestaram preocupação com a possibilidade de os grupos oposicionistas tentarem depor Morales, que sobreviveu a um referendo de confirmação de mandato realizado em agosto, obtendo então o apoio de 67 por cento dos eleitores.

O dirigente é o primeiro de origem indígena a comandar o país e prometeu realizar uma transformação socialista. A oposição mais acirrada vem da parte mais rica do país (leste), controlada pelas elites descendentes em sua maioria dos europeus.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que faria qualquer coisa para defender Morales, incluindo recorrer à força. Em um gesto de apoio à Bolívia, o líder venezuelano expulsou o embaixador norte-americano de Caracas, gesto que foi seguido por Washington.

A Argentina e o Brasil disseram que não tolerarão qualquer tentativa de golpe contra o governo boliviano e ofereceram mediar as eventuais negociações entre os dois lados em conflito

Nenhum comentário: