quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Embriagai-vos

É preciso estar sempre embriagado.
Eis aí tudo: é a única questão.
Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo que rompe os vossos ombros e vos inclina para o chão, é preciso embriagar-vos sem trégua.

Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira. Mas embriagai-vos.
E se, alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre a grama verde
de um precipício, na solidão morna do vosso quarto,
vós acordardes, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, perguntai ao vento,
à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que foge, a tudo que geme, a tudo que anda,
a tudo que canta, a tudo que fala, perguntai que horas são;
e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio, responder-vos-ão:
“É hora de embriagar-vos!

Para não serdes os escravos martirizados do Tempo,
embriagai-vos: embriagai-vos sem cessar!
De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira”.


Charles Baudaliere

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