Por me colocar sapatos e me obrigar a amará-los.
E obrigado por inventar a bota,
Para quem não gosta de cadarços.
Obrigado pelo preconceito,
Que me obriga a me vestir e me arrumar como eles querem.
Obrigado por me dar um emprego,
E um salário justo na medida da escravidão.
Obrigado pela gripe, pela aidis e as doenças respiratórias,
E obrigado principalmente pelo câncer.
Obrigado palas cidades, pelas monoculturas,
Por modificar o clima mundial, por destruir o mundo,
E por criar porcos em cativeiros dois por dois.
Queria agradecer também a todos os líderes,
Que através dos tempos nos trouxeram até aqui,
Dando o melhor que podiam para o pior que puderam,
Obrigado pelos meus dentes brancos,
Viciados em pasta de dente e pelas balas que adoçam a vida.
Obrigado pela fast-food,
Pela comida plastificada,
Pelas rotinas de oito horas,
E pelos feriados santos.
Obrigado pela política, pela desigualdade,
E por extinguir grande parte dos animais e culturas.
Obrigado também a medicina,
Que não deixa mais ninguém morrem em paz,
Pelos carros que nos fazem voltar a tempo,
Para trabalhar segunda do fim de semana,
E pelos latidos melancólicos dos esquecidos cachorros de pelúcia.
Obrigado pelas fotografias, pelas mentiras,
E pela verdade de estarmos todos condenados ao inferno.
Obrigado,
Por isso e por tudo,
Eu só posso agradecer à você,
Oh! Digníssima humanidade.
PAblo Poetry
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