ele acordou de repente no meio da guerra, estava escuro e palavrões era o que mais se ouvia, sem mentira, para cada tiro era oito mães desonradas, só que ele nem sabia que estava na guerra ainda, tinha ido dormir ao lado de seu amor, abraçado em conchinha pronto para roncar a noite inteira no ouvido da menina e sonhar.
mas cabelos longos não usa mais e antes de tatear seu quarto em busca dos cds dos beatles e dos rolling stones conseguiu perceber que aquele vozerio todo se xingando não poderia ser seu amor vendo o jornal da manha.
tem alguém ai? pergunta ele incerto.
NÃO, não tem ninguém. que pergunta mais besta. claro que tem alguém. você acha que está aonde? na disney? é assim que você pretende matar vietnamitas inocentes? faça-me o favor e levante esse rabo gordo desse buraco antes que o sargento apareça. isso aqui é a guerra.
e é aqui que ele percebe que está na guerra, tirando a venda e levantando-se vê que está de farda, tem um pote de sardinha ao seu lado escrito café da manha. "mas o que aconteceu" pensa ele assustado. "como". em seu rosto ainda se vê o sorriso ensaiado de quem acorda ao lado do amor mas seus olhos estão atiçados como quem acorda ao lado de um crocodilo que daria uma bela bolsa juntando tudo em sua cara se vê o semblante de alguém que está perdido.
com os olhos acostumados com a escuridão consegue rumar para fora de casa onde é recebido com balas, papai noel passava por ali bem na hora e o confundiu com uma criança que se comportou, assim, chupando uma de morango sua preferida guarda as outras no bolso junto com a sardinha. uma granada explode e ele não sabe de que lado vem, e mesmo que soubesse não adiantaria pois não sabe de que lado está. eu preciso de férias concluiu ele ou de alguem para me dar uma informação.
como que por mágica uma banquinha de informações surge ao seu lado com uma atendente usando uma burca decotada, mas ele não ve pois estava andando para frente sem olhar para os lados, coisa que nunca se deve fazer, aprendam agora ou nunca verão a atendente. 'hoje é meu dia de azar" talvez seja mesmo, ou de sorte, mas são nove da manha e ele deveria estar fazendo sexo em alguma cidade ao norte, muito ao norte com sua loira de olhos azuis do mar, sua princesa, sua prometida, pensando coisas como: que bundinha, e tapa e tapa, e ui, eu adoro essa bundinha.
mas não está.
mas não um monte de coisa.
mas uma cruz deve ter recebido muitas pedras dele ele alguma outra vida.
mas ele está cansado e é dia e ele senta numa pedra e remexe os bolsos, e não consegue abrir a sardinha, e acha uma carta. e acha uma foto. e não é ele.
mas é a namorada.
droga, droga, droga diz ele enquanto bate com o punho fechado em sua orelha esquerda, eu não acredito.
mas sentado como está consegue ver um ataque, eles são muitos e vestem verde, do outro lado não são muitos nem vestem verde e sim uma lindo pano prata bordado por índias contratadas a preço de microondas e aquecedores a gás, muitos tiros são trocados, alguns dados, e um barulho ensurdecedor de palavrões enche o ar. o embate dura alguns minutos, hércules surge com o leão de nemeia aos ombros e mata todos duas vezes com sua clava, a vitória ia ser da maioria mas dai chuck norris chega de chevete turbinado e dando um haund house kick destroi tudo chupando cana e contando até o infinito. o embate termina, a vitória é da minoria patrocinada pelas indias bordadeiras. o sangue seca ao sol e uma americana de 1970 pode ser vista em sua cadeira de praia segurando um refletor embaixo do nariz para ficar dentro da moda frango assado.
mas ele ainda está na pedra.
agora chupando uma bala de uva.
o sol é uma imensa mancha amarela.
e o mundo continua enquanto nordestinos passam no lombo de burros migrando para construir são paulo em algum lugar depois daquela serra.
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