terça-feira, 4 de outubro de 2011

Brasil sem Miséria X Copa do Mundo


O problema maior talvez seja não o que se faz com o argumento sobre o legado da Copa, este tão incerto quanto o amanhã. Mas, sobretudo, o que deixa de ser feito enquanto desenvolvimento econômico e social para o povo brasileiro. Se gasta muito por um evento de poucos dias nas cidades. Veja bem. A Copa tem um mês de duração, mas ela vai se esvaindo na medida em que vai avançando os jogos. Teremos estados da nação que farão três jogos e pronto. Um estádio no valor de bilhões de reais para sediar três jogos de um torneio mundial? O que este dinheiro todo daria para fazer independente de termos ou não a Copa do Mundo?


Na terça-feira última (27) o Congresso Nacional destinou R$ 980 milhões ao Plano Brasil sem Miséria, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Mas, analise comigo. Somente para a construção da Arena Fonte Nova, aqui em Salvador, Bahia, o valor inicial estimado é de R$ 591 milhões. A Arena Amazônia junto com a Arena Pantanal, estados sem tradição futebolística, juntas, somam R$ 855 milhões. Originalmente, pois sabemos que os orçamentos sempre se alteram para cima. Só o estádio do Corinthians, sozinho, vai levar a bagatela de R$ 1 bilhão. Somados, apenas estes estádios perfazem quase o triplo do destinado à principal bandeira do governo Dilma, a erradicação da miséria. Imagine se este projeto não fosse a “menina dos olhos” do governo?

Em 2009, para engabelar os trouxas, o senhor Ricardo Teixeira afirmou, por escrito, que esta seria a Copa da iniciativa privada. Que o Estado gastaria muito pouco. Pois bem, hoje sabemos, pela matéria que circulou na folha de São Paulo em fevereiro último, do jornalista Sérgio Rangel, que a Copa 2014 terá 98,5% de dinheiro público. Ao mesmo tempo, sabemos que 2/3 de todo o esgoto gerado no país não recebe tratamento adequado. Aliás, não recebe tratamento algum. É mole? E saneamento básico é um dos principais quesitos para avaliar o índice de desenvolvimento de um país. Seremos campeões em diarréia.

São por essas e outras que comecei o texto afirmando que o problema maior talvez seja não o que se faz com o argumento sobre o legado da Copa, mas, sobretudo, o que deixa de ser feito enquanto desenvolvimento econômico e social para o povo brasileiro quando se gastam bilhões de reais na construção de estádios de futebol. E ainda querem que acreditemos que tudo isso vai trazer prosperidade e desenvolvimento para a nação. Pois sim. A Europa combalida pela crise financeira já sediou vários megaeventos e até onde sei está mergulhada até o pescoço no pântano do capitalismo financeiro.

Agora imagine esta dinheirama toda vindo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), somados a pomposas isenções fiscais para construir, ampliar e equipar escolas. Promover cursos de capacitação para os trabalhadores em geral, aumento do salário dos professores. Aumento também da verba para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia em diferentes campos do conhecimento. Milhões ainda sobrariam para realizar outras ações que deixo para vocês pensarem.


Postado por Welington Silva

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