quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Mais de um bilhão de pessoas passam fome no mundo, diz ONU
Partes da África estão entre as mais atingidas pela fome
Mais de um bilhão de pessoas, cerca de um sexto da população mundial, sofre com a subnutrição de acordo com o relatório anual da Organização das Nações Unidas (ONU) a respeito de segurança alimentar, divulgado nesta quarta-feira.
O relatório elaborado pela FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura, afirma que o número de pessoas que sofre com a fome estava crescendo antes mesmo da crise econômica mundial, mas depois a situação piorou ainda mais.
"A FAO estima que 1,02 bilhão de pessoas estão subnutridas no mundo todo em 2009", diz o documento, divulgado na sede da organização, em Roma. "Isto representa mais pessoas com fome do que em qualquer outra época desde 1970 e uma piora das tendências que já estavam presentes antes mesmo da crise econômica."
"A meta da Cúpula Mundial sobre Alimentos (de 1996), de reduzir o número de pessoas subnutridas pela metade, para não mais do que 420 milhões até 2015, não será alcançada se as tendências que prevaleceram antes da crise continuarem", acrescentou o relatório.
A FAO afirma que as regiões da Ásia e Oceano Pacífico têm o maior número de pessoas subnutridas, 642 milhões, seguidas pela África Subsaariana, com 265 milhões de pessoas.
No entanto, o relatório também afirma que alguns países apresentaram uma melhora dramática nos níveis de subnutrição desde 1990, incluindo Brasil, Vietnã, Arábia Saudita e México.
"Nenhum país está imune e, como sempre, são os países mais pobres e as pessoas mais pobres que sofrem mais", diz o texto.
Diminuição na ajuda
O relatório da FAO foi lançado por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, que ocorre na sexta-feira.
O documento afirma também que a crise econômica reduziu a ajuda estrangeira e o investimento em países mais pobres, além de diminuir o envio de dinheiro dos que trabalham em países mais ricos.
A agência da ONU afirma que é necessário mais esforço internacional para diminuir a fome no mundo e também pede mais investimentos internacionais em agricultura e dispositivos de segurança para a economia em países mais pobres "apesar dos problemas financeiros enfrentados por governos do mundo todo".
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Nesta quinta-feira, o diretor-geral da FAO Jacques Diouf deve apresentar uma série de propostas para ajudar os países mais afetados pela fome.
Brasil
O Índice Global de Fome, uma pesquisa publicada pela Unidade Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (IFPRI, na sigla em inglês), revelou que a República Democrática do Congo foi o país com o maior aumento da fome desde 1990, seguido por Burundi, Comores (arquipélago no Oceano Índico) e o Zimbábue.
Por outro lado, de acordo com o índice, alguns países demonstraram uma grande melhora nos níveis de subnutrição desde 1990. Em primeiro lugar está o Vietnã, seguido pelo Brasil.
Ao citar as medidas adotadas pelo Brasil para a melhora nos níveis de subnutrição, o relatório cita programas do governo como o Fome Zero, o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e também o aumento do salário mínimo.
O relatório descreve também uma "crise no preço dos alimentos", pois estes preços se estabilizaram em um nível muito alto para muitas pessoas em países em desenvolvimento.
E como solução, o documento sugere que dar mais poder para mais mulheres nos países em desenvolvimento, por meio de educação e mais acesso a empregos, é a chave para diminuir a fome no mundo.
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