Impressiona a velocidade do desaparecimento do verde da paisagem lajeadense. E assusta a facilidade com que espécimes nativos são abatidos no meio urbano e bosques inteiros eliminados à revelia da consulta ou conhecimento da população. Pior, não em razão da ação de vândalos, mas por autorização de nossos "exigentes" órgãos de licenciamento em âmbito municipal e estadual.
Assim, por exemplo, supre-se o espaço verde para criar um verdi spazzio; rasga-se o bosque para ali abrir um loteamento do bosque; e devasta-se impiedosamente por inteiro um minibosque em plena área central da cidade para a ampliação de um estabelecimento de ensino de 2º grau, onde os seus alunos passarão a conviver com a ausência total do verde. Um projeto arquitetônico que nasce pobre, pois incapaz de preservar ou integrar sequer uma majestosa e vaidosa araucária que não cansava de se admirar no prédio espelhado ao lado, o qual ela tão bem ajudava a emoldurar, compondo com ele um belo cartão-postal. E teme-se, desde já, pela sorte e destino das reservas nativas existentes na área pertencente à instituição de Ensino Superior. E adjacências.
Para uma cidade com vocação metropolitana e cortada por rodovias de intenso tráfego - e ela própria se "infestando" de veículos -, o verde nunca é uma demasia. O ideal, para uma melhor qualidade de vida de seus habitantes, seria que cada bairro contasse com um pulmão próprio (bosque, parque ou praça ricamente arborizados), além da sua arborização de rua. A cidade está a clamar por verde e o fenômeno que se verifica é justamente o contrário.
As alegadas medidas compensatórias aplicadas para justificar os licenciamentos não passam de medidas paliativas, pois, via de regra, não repõem o verde na área da supressão. É preciso uma vontade política forte para frear o avanço quase inexorável do cimento e concreto sobre o verde, ao ponto de cada palmo, metro ou centímetro quadrado ser transformado em cifrão e lucro imobiliário, em nome da ganância e prevalência do direito de construir.
O tombamento de espécimes e bosques nativos, últimos vestígios da nossa Mata Atlântica, deveria ocorrer, sim, mas com o intuito da preservação e não da extinção. Já certas espécies exóticas, como o eucalipto, mantido em meio ao bosque do Parque dos Dick, onde desponta absoluto, poderiam e deveriam ser suprimidas da paisagem urbana, na minha visão.
A. J. Maldaner
Servidor Pubico
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