segunda-feira, 12 de maio de 2008

Rio: ações de tropa de elite consumiram R$ 72 mi

Para manter a Força Nacional de Segurança (FNS), no Rio de Janeiro, desde o início do ano passado, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) já gastou em torno de R$ 72 milhões só com diárias - mais do que os R$ 55 milhões que o Programa Nacional de Segurança Pública aplica no plano de segurança das obras do Programa de Aceleração de Crescimento. O governo estadual irá rever a estratégia de utilização dos homens da FNS.

Para fazer guarda numa esquina do Complexo do Alemão, nesse quase um ano de ocupação da favela, um soldado da FNS recebeu R$ 51 mil. O valor equivale a quase cinco anos de salários que um policial militar fluminense recebe.

A disparidade levou o secretário estadual de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, a reestudar a estratégia de utilização dos soldados da FNS na cidade. Segundo Beltrame, já está na hora de se rediscutir o papel que a elite das polícias militares do Brasil vem desempenhando no combate ao crime organizado no Rio.

A Operação Cerco Amplo no Complexo do Alemão - a principal ação da tropa desde que chegou ao Rio, em janeiro de 2007 - começou em 12 de junho. A operação já contou com 450 homens, depois com 250 e, atualmente, tem cerca de 140 policiais revezando-se no entorno da favela. Até setembro do ano passado, os soldados ficavam lá apenas das 8h às 20h - por questões de segurança. De dezembro até hoje, o regime passou a ser de 24 horas - o que não garantiu a vigia em todos os acessos ao local.

Cerco não inibe tráfico Três dias depois do cerco, traficantes chegaram a dançar em frente às câmeras, a 500 metros dos soldados. Além disso, a presença das tropas federais não impediu, por exemplo, que supostos traficantes do Complexo do Alemão fugissem para a Cidade de Deus, na Zona Oeste, onde o Batalhão de Operações Especiais teve de agir e perseguir os homens, no dia 25 abril. A operação deixou 11 supostos criminosos mortos.

Nos planos iniciais, o complexo já deveria estar totalmente ocupado para que as obras do Plano de Aceleração do Crescimento pudessem avançar.

Para o tenente Melquisedec Nascimento, presidente da Associação dos Militares, Auxiliares e Especialistas (Amae), os policiais que forem ao Alemão combater o tráfico estarão ainda mais desmotivados para trabalhar.

"A desmotivação e desesperança são evidentes na tropa, especialmente diante de soldados com uma gratificação muito maior. Soa como um processo de aniquilação da PM. Temos a segunda maior economia do país e o pior salário entre as Polícias Militares", diz Melquisedec.

A diária dos soldados da FNS é de R$ 123,70. Os soldados fazem revezamento e o efetivo é trocado periodicamente. Atualmente, cerca de mil policiais de outros Estados estão no Rio. Além do Alemão, os policiais atuam também na orla da cidade e no Maracanã.



obs do BIzu.

Adinta investir em segurança ou investir em segurança só aumenta a desigualdade? que é o fator que faz a violência ser necessária.

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